quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Carta a Um Amigo 7

Embora tenha estado bastante ocupado, não é meu hábito ou conforme a minha maneira de proceder deixar em atraso a correspondência que vou recebendo. Assim a tua, sempre teve, e está a ter resposta dentro dos prazos que ambos consideramos aceitáveis; este modo de contagem do tempo em horas, e não em afazeres que nos dão prazer, em actividades ditas de generosidade ou mais úteis à comunidade, visto que só dando algo de nós, nos devemos sentir melhor connosco, não são bem aquilo de que mais aprecie para medir o tempo que tenho para viver; erradicar aquela ponta de egoísmo habitante, hóspede ou passageiro que por breves momentos foi nosso cúmplice; e se existe não é porque não se tenha feito o esforço necessário para o pôr de parte, esquecê-lo ao mesmo tempo, mas como humanos, errantes e até com uma certa teimosia que aparece, estes pequenos acidentes, por vezes involuntária outras vezes voluntariamente, não são tragédias mas levam-nos a afastar da Luz e escolher a Sombra. A luz quando nasce não é pertença de todos?
O Criador não distribui por Pessoas, Materiais ou Líquidos os recursos do Universo, atribuindo-lhe um dono; não criou amos nem servos; criação perfeita, que só ao Divino pertence. Ao Homem foi dado aquele modo de pensar que nos leva a criar as diferenças, barreiras ou muros tão compactos que hoje em dia mais parece uma epidemia; antes fosse, e daquelas que, muito simplesmente o barbeiro das nossas aldeias encontrasse na sua horta, as ervas com que tem curado tanta gente e tivesse o diagnóstico mais fácil e das curas mais rápidas igual a tantos males que tem curado.; repara que se há algo em que fazemos o melhor que soubermos, seja distribuir um sorriso, uma palavra ou um pouco de pão que seja em benefício dos que nos rodeiam, até a luz que nos tira da sombra parece ter mais brilho, até os passos dados são passadas feitas com maior segurança, até o dormir aquele sono que o meu avô nos dizia quando o meu irmão mais novo estava a dormir; ele está a dormir o sono dos justos; isso mesmo é sentimento que vem e nem nos apercebemos, tal é o encanto interior de que estamos possuídos; serão fantasias que vêm desde a infância? Serão modos de perceber o quanto é grandioso, ver os acontecimentos tão contraditórios, ver as diferenças de pensamento, sinal, ao mesmo tempo do respeito que ainda vai existindo, se lhe chamarmos tolerância, e sinal de que nem tudo vai assim tão mal como se ouve dizer. A crítica só terá razão de existir se for feita no sentido construtivo do criticado Olhando para os acontecimentos que se passaram nestes dias que nos mantivermos afastados, olhando para os seus efeitos à escala planetária hoje chamada globalização, decerto vimos diferenças, algumas pontuais outras nem tanto, em todos os factos dos quais fomos observadores atentos.
Gostaria de ler a tua opinião, de saber descrito por Ti, naquele teu jeito, tão perfeito e tão sadio de descreveres os acontecimentos, com uma linguagem tão enlevada e tão rica em elementos, que descreves tudo na maior das perfeições; não te invejo o saber escrever; o saber não se inveja; adquire-se; nasce connosco; mas como sabes vou fazendo o melhor que sei, e sempre vou aprendendo, cada dia que leio o que escreves, e assim não tenho remorsos desta minha ignorância, nos modos de ver o mundo que nos rodeia. A tua opinião como digo, traz-me sempre mais um esclarecimento, é mais um saber que vai contrariar aquele ponto que ignorava ou que tinha mal formulado.
Só pelos caminhos da Luz fugirás aos abismos.

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