sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Ego: O estado actual da humanidade

Embora o autor se refira neste capítulo o que pretende demonstrar ou explicar ou dar-nos a sua impressão, longe de mim fazer publicidade seja ao que for muito menos ao livro ou livros que vou lendo. Vou-lhes enviando os capítulos que encontro com mais possibilidades de lhes levar algo de positivo.

Ego: O estado actual da humanidade
As palavras, quer sejam articuladas e transformadas em sons, quer fiquem por dizer e permaneçam sob a forma de pensamentos, podem lançar um feitiço quase hipnótico sobre nós. Perdemo-nos com facilidade nas palavras, somos hipnotizados para acreditar implicitamente que, ao relacionar uma palavra com uma coisa, sabemos o que ela é. Mas a realidade é que não sabemos. Apenas encobrimos o mistério com um rótulo. Tudo, seja um pássaro, uma árvore, até mesmo uma simples pedra ou, certamente, um ser humano, é, em última análise, incognoscível. Isto acontece porque tudo tem uma profundidade insondável. Tudo o que percepcionamos, sentimos e pensamos é apenas a camada superficial da realidade, equivalente a menos do que a ponta do icebergue.
Sob a aparência superficial, tudo está não só ligado a tudo o resto, como também à Fonte de toda a vida de onde tudo veio. Até uma pedra, ou mais facilmente uma flor ou um pássaro, pode mostrar-nos o caminho de regresso a Deus, à Fonte, a nós próprios. Ao observar ou agarrar a pedra, e deixando-a ser, sem lhe impor um rótulo verbal ou mental, há uma sensação de admiração e espanto que nos invade. A sua essência comunica connosco em silêncio e reflecte a nossa própria essência de novo em nós. É isto que os grandes artistas sentem e conseguem transmitir na sua arte. Van Gogh não afirmou: «Isto é apenas uma cadeira velha.» Observou-a durante algum tempo. Sentiu o Ser da cadeira. Depois, sentou-se em frente da tela e pegou no pincel. A cadeira em si teria sido vendida pelo equivalente a alguns dólares. O quadro dessa mesma cadeira renderia actualmente mais de 25 milhões de dólares.
Se não cobrimos o mundo de palavras e rótulos, a percepção do miraculoso regressará à nossa vida, após ter sido perdida há muito tempo, quando a Humanidade, em vez de usar o pensamento, foi dominada pelo pensamento. A profundidade regressa à nossa vida. As coisas recuperam o seu sentido de novidade, a sua frescura. E o maior milagre de todos é a vivência do nosso eu essencial anterior a quaisquer palavras, pensamentos, rótulos e imagens mentais. Para tal ser exequível, temos de libertar a nossa percepção do eu, do Ser, de todas as coisas com que se misturou, ou seja, com que se identificou. Esta libertação é o tema do presente livro.
Quanto mais céleres formos a atribuir rótulos mentais ou verbais às coisas, pessoas ou situações, mais fútil e fria se torna a nossa realidade e mais insensíveis nos tornamos à realidade do milagre da vida, que se manifesta continuamente dentro e fora de nós. Desta forma, podemos ganhar em intelecto, mas perdemos em sabedoria, bem como em alegria, amor, criatividade e vitalidade. Estes elementos ficam dissimulados no espaço morto entre a percepção e a interpretação. É óbvio que é necessário usar palavras e pensamentos. Eles têm a sua própria beleza – mas haverá necessidade de ficar presos a eles?
As palavras reduzem a realidade a algo que a mente humana consegue compreender, o que não é grande coisa. A linguagem consiste em cinco sons básicos produzidos pelas cordas vocais: as vogais «a, e, i, o, u,». Os outros sons são consoantes produzidas pela pressão do ar: «s, f, g», e assim por diante. Acredita mesmo que a combinação destes sons básicos alguma vez poderia explicar quem somos, qual é o derradeiro propósito do Universo ou o que é uma árvore ou uma pedra na sua essência?
ECKHART TOLLE
UM MUNDO NOVO – Despertar para a Essência da Vida.

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