domingo, 19 de outubro de 2008

A ÚLTIMA CONVERSA

AGOSTINHO DA SILVA
ENTREVISTA DE LUÍS MACHADO
PREFÁCIO DE EDUARDO LOURENÇO

PREFÁCIO: Prof. Doutor. Eduardo Lourenço
HOMEM EXTRA-ORDINÁRIO
Parece fácil falar de Agostinho da Silva. Em fim de vida e graças à televisão, a sua figura, o seu pensar em directo e em voz alta para milhões de pessoas, como se tivesse conseguido unir milagrosamente a unidade do seu ser à sua aparência de Sócrates familiar, missionário sem mais missão que a de inculcar que todos somos naturalmente sábios e filósofos, Agostinho da Silva era a encarnação perfeita de uma existência transparente. No sentido original do termo, uma existência não hipócrita. O mínimo de comédia de que precisamos para representar no palco da vida era-lhe estranho. Com razão, esta ausência de pose, que em outros podia passar pela mais refinada das poses, fascinava aqueles que assistiam, nem sempre convencidos, a este exemplo, mais do que raro, de um homem em que era impossível separar o verbo da acção por ele enunciada, como se fosse o acto mais óbvio e simples do mundo.
Podíamos atenuar este espanto que já não o era, catalogando Agostinho da Silva na categoria já sem surpresas, mas sempre surpreendente, do místico. É uma roupagem que lhe assenta bem e nem se vê outra que melhor defina o estilo de existência que nele se encarnou ou ele encarnou. Acontece apenas que a imagem do «místico» arrasta consigo um certo número de referências, evoca uma atmosfera eclesial e sobretudo, entre nós, uma tradição, por assim dizer, homologada oficialmente por uma autoridade institucional ou institucionalizada. E como era visível, nada estava mais distante de Agostinho da Silva do que esta inscrição do autor de Aproximações ao círculo da mística cristã tal como vulgarmente se entende e é exemplificada desde S. João da Cruz a Santa Teresa, ou mesmo pelo tão evocado S. Francisco de Assis. Claro que todos os «místicos», ou aquilo que assim chamam aqueles que o não são, mesmo os mais teologicamente insuspeitos, relevam do excepcional e da excepção. A esse título, Agostinho da Silva não destoaria na ilustre e canónica companhia. Digamos que pode figurar na mais rara espécie de homens que são os «místicos» se lhe acrescentarmos uma dose suplementar de «extravagância» ou, se se prefere, de excentricidade.
Não em meros termos de comportamento exterior, de total desprezo pelas regras, costumes ou ritos mundanos, que fazem parte do folclore da mais inequívoca santidade, mas da íntima e irredutível ex-centricidade. Agostinho da Silva não tendeu, graças a qualquer tipo de ascese, para uma experiência inefável do que se convenciona designar por Absoluto, transcedência mais ou menos heterogénea à essência humana. Agostinho da Silva, se foi «místico», foi-o de um misticismo «sulfuroso» pela natureza naturalista da sua visão do mundo e da vida. Não se instalou na excepção, pregou e viveu no combate à ideia de excepção, em todos os domínios, numa espécie de anarquismo profético e radioso, no fundo mais próximo de Rousseau que de qualquer figura clássica da família «mística».
O misticismo de Agostinho da Silva – se assim se lhe pode chamar – é um misticismo por defeito, por intencional desconsideração daquilo que, em todas as ordens, desde a do pensamento, da imaginação, da vontade, mas também da acção, se apresenta como exemplar. Foi, com uma naturalidade quase provocante, um marginal, mas não da marginalidade maldita, sacrificial, infeliz, que tanto agrada aos «mártires» da liberdade, da criação ou da acção. Se não fosse de essência provocatória, quase demoníaca, o seu utopismo, o seu optimismo voluntarista, a sua aparente ou realíssima recusa do trágico, seriam quase intoleráveis. É possível imaginar que neste grau, a sua aposta, diametralmente antagónica da de Pascal, releva, em qualquer desvão, de não sei que paradoxal ressentimento. Há em Agostinho da Silva um tão extremado gosto pela «estaca zero» do humano, uma tão intensa denegação de tudo o que signifique ou pretenda, a que título for, ser tido como «distinto», como «valioso» no sentido de se arrogar assim como signo de qualidade ou mérito, que só em termos de ressentimento parecem explicáveis. E, todavia, precisamente, a imagem que ele deu a quem o conheceu ou teve ocasião de o ver quando, cândida e desarmadamente, se ofereceu ao juízo público, parece incompatível com esse reflexo, característica de alguém secretamente ferido, como precisamente, mas também dando a impressão oposta, o foi Jean Jacques Rousseau.
Estamos a anos-luz daquela imagem-mito que não só nos últimos anos, mas penso, sempre, se colou ao homem e à figura de Agostinho da Silva, como exemplo de existência clara, sem sombra de sombra, vida activamente inserida na sua «pregação profética» sem hiato com a sua vida. Não foi um vagabundo irónico como Sócrates, nem um provocador cénico, mais em actos do que em palavras, como Diógenes, mas de um e outro exemplificou, aparentemente sem suscitar nem fundado espanto, nem desconfiança, junto daqueles que, incapazes de medir o alcance da sua palavra intrinsecamente subversiva, mais inclinados estavam – ou estão – a compará-lo a uma figura como S. Francisco de Assis.
Quando um dia se ler a sério Agostinho da Silva – que é um original escritor e um pensador perturbante -, terá inevitavelmente que se evocar o revivalismo franciscanista que tantos ecos teve na cultura portuguesa desde os finais do século XIX. Agostinho da Silva insere-se nessa tradição conferindo-lhe uma dimensão e uma tonalidade singulares.
Para os franciscanistas da geração de 70 e das gerações seguintes, desde Guerra Junqueiro a Eça de Queirós até Teixeira de Pascoaes e Cortesão, o culto e mesmo a mitologia de S. Francisco foi uma espécie de hipercristianismo de gente que cortara com o catolicismo tradicional e, sobretudo, com um clericalismo omnipresente e retrógrado, ainda muito sensível na sociedade portuguesa. Esse aspecto é o que avulta no autor da Velhice do Padre Eterno, mas não é o mais importante. A sua forma acabada e aquela onde a «filosofia» do cristianismo, segundo Francisco de Assis, se exprime de maneira convincente, encontra-se nos «Simples». S. Francisco de Assis é para essas gerações o S. Paulo da nova igreja dos «Simples», o santo que concilia o culto da Santa Pobreza com o amor e a efusão da Natureza. A componente e a função social deste franciscanismo onde se conciliava simbolicamente o revolucionarismo utópico dos «Jacques» tão caros a Eça, com as aspirações místicas de um cristianismo puro, não é a mais significativa. Em todo o caso não o será, nem para Jaime Cortesão nem para Agostinho da Silva, que prolonga e transfigura a visão franciscanista do poeta de Águia e futuro historiador dos Descobrimentos. O essencial da visão franciscanista da vida para ambos concentra-se nessa paixão pela Natureza, mas uma natureza, por assim dizer, «sem mancha de pecado original». Em suma, como corpo de Deus com o qual o corpo e a pulsão natural da humanidade, logo desvinculada dos artifícios da civilização e da cultura (herança de Rousseau), se confundem. Isto foi lido, e não sem razão, no que diz respeito a Jaime Cortesão, como uma forma de paganização subtil do cristianismo, coberta pela referência insuspeita a S. Francisco, menos do que, como forma imposta pelos imperativos de um Evangelho depurado das excrescências da autoridade e do dogma. Daí os grandes hinos de Cortesão ao instintivo, ao sensual e mesmo ao erótico e a grande complacência com que exalta como expressão da nossa singularidade nacional uma cultura impregnada do sentimento pânico da vida ou louva a nossa lírica tão inocentemente sensual.
Agostinho da Silva retém um certo número de traços da visão do mundo ou da leitura da nossa maneira de ser proposta por Jaime Cortesão. Não foi impunemente que o universitário Agostinho da Silva se interessou pelo mais «erótico» e pouco recomendável, segundo os nossos hipócritas códigos vigentes, autor antigo, Catulo. A escrita límpida, o lado de profetismo e misticidade característicos da prosa de Agostinho da Silva, velam um pouco o que não pode deixar de se designar por «erótica» agostiniana. Um erotismo que não tem apenas o conteúdo negativo da recusa ou denegação do ascetismo, essência da comum espiritualidade lusitana, desde os bons tempos de Heitor Pinto, mas o gosto positivo pela vida, na sua natural pulsão vital e fonte de sedução. O seu famoso paracletismo, a apologia do Espírito Santo, não é apenas um eco mimético da tradição joaquimista, uma maneira de considerar findo o reino da Lei (o do Pai) e do Sacrifício (o do Filho) com a entrada no terceiro reino, o da Liberdade, que é, sobretudo, o do Amor. Esse seu culto do Espírito Santo é o de uma nova Criação, filha da esperança e aberta como a esperança sobre um futuro em que o homem se descobrirá, ou descobrirão, ao abdicarem das formas imperfeitas da Lei e da Dor, como «eternas crianças» e imperadores da sua própria vida. Foi isto que Agostinho da Silva reteve como mais válido e profundo em Fernando Pessoa, o Fernando Pessoa da Mensagem, a quem dedicou a primeira leitura simbólica coerente (na luz da própria visão) que se conhece. Este homem de uma vasta e segura cultura, como Pessoa, encontra-se com ele numa mesma espécie de recusa transcendente, mas não menos decidida, de uma cultura livresca, esquecida da silenciosa sabedoria que a todos nos habita quando nos abandonamos ao sopro do «Espírito Santo», à lição de uma Natureza que ensina quando nós nos calamos. E assim, com o tempo, e cada vez mais despojado das realidades e investiduras do mundo, do mundo social e dos seus ritos, do mundo intelectual e das suas rendosas imposturas, Agostinho da Silva se revestiu, com todos os sinais da autenticidade, das conotações de um verdadeiro símbolo e até herói da Contra-Cultura. Ou melhor, de qualquer coisa mais rara que não vive da negação, mesmo a mais fundada – e em Agostinho da Silva também esse aspecto existe -, mas da transcendência do cultural, da vitória sobre ele quando se olha todo o seu imponente império, não como mera poesia da sandália dos deuses, mas com a inocência de uma criança que acaba de abrir os olhos para o Universo e a sua gratuita magnificência.
Como toda a gente da minha geração, conheci Agostinho da Silva através dos célebres fascículos vendidos então a quinze tostões, que punham o público ledor, culto ou popular, na intimidade de grandes figuras e, sobretudo, grandes e saborosos textos do passado. O primeiro que comprei foi sobre Stendhal, autor então em vias de reconhecimento universal e hoje, pensando bem, vejo nisso não um mero acaso, mas a chave para a futura inscrição de um homem que foi a Liberdade, mesmo no campo de um autor tão pessoal, tão classicamente inclassificável como o autor da Cartuxa de Parma. Mais tarde, li a sua tradução de três ensaios de Montaigne, pai da prosa do corpo, da alma e da inteligência, seu outro modelo – à parte o impessoal dos clássicos da infância – que o da sua própria vida, observados sem complacência, mas também sem reticências. Mas só o acaso de uma errância brasileira me fez encontrar o homem dos sete ofícios, profeta, pedagogo, sábio, naturalista por conta própria, em Santa Catarina, onde então Agostinho da Silva era uma espécie de oficioso secretário de assuntos culturais e, como sempre, um pólo de vida activamente contemplativa, de que não conheci segundo exemplo. Recebeu-me (recebeu-nos, a mim e minha mulher) como se me conhecesse desde sempre. Com uma enorme e negra aranha dos trópicos na palma da mão esquerda, divertido com o meu assombro e não menos pequeno temor. A Natureza e a sua face misteriosa, terrífica, o símbolo dos pesadelos e das ficções científicas, repousava nas suas mãos como num berço. Tinha domesticado «o mal» como se ele não existisse. Ou como se ele não o quisesse ver. Não sei se isto basta para perceber que espécie de «misticismo» era o seu. Mas bastou-me para sentir, e definitivamente, que estava diante de um dos Homens mais extra-ordinários que me foi dado conhecer.
Lisboa, 7 de Março de 1995. (assina: Eduardo Lourenço)

AGOSTINHO DA SILVA
GEORGE AGOSTINHO BAPTISTA DA SILVA

1906 – Nasce no Porto, freguesia de Campanhã, a 13 de Fevereiro.
1907 – Parte com os pais para Barca de Alva, onde passa a infância.
1909 – Nasce a irmã Estefânia Estrela a 27 de Janeiro.
1910 – Nasce a irmã Maria Cecília, a 5 de Janeiro. Estefânia Estrela morre com
apenas 18 meses.
1911 – Aprende a ler aos 4 anos com sua mãe, Georgina do Carmo Baptista Rodrigues
da Silva.
1915 – Regressa ao Porto para fazer o exame da 4.ª classe. O pai matricula-o na
Escola Industrial Mouzinho da Silveira, a fim de seguir uma carreira técnico-
-profissional.
1917 – Insucesso escolar e falta de aproveitamento aconselham uma mudança de
área. Muda para o Liceu Rodrigues de Freitas.
1919 – Com o esmagamento da «monarquia do Norte», o pai, Francisco José
Agostinho da Silva, é preso e demitido da função pública.
1924 – Conclui o curso geral dos liceus com a classificação 20 valores e ingressa na
Faculdade de Letras do Porto.
1928 – Licencia-se em Filologia Clássica com 20 valores, defendendo uma tese sobre o
o poeta latino Catulo. Insurge-se contra a extinção da Faculdade de Letras do
Porto e com um decreto que impõe a separação dos sexos nas escolas em
todos os locais onde existisse mais de uma escola.
1929 – Inicia a sua colaboração na Seara Nova. Publica, a suas expensas, Breve
Ensaio sobre Pérsio.
1930 – Parte para Lisboa, onde frequenta a Escola Normal Superior. Contrai casamento
com Berta David.
1931 – A Universidade do Porto confere-lhe o doutoramento e a sua tese, «O Sentido
Histórico das Civilizações Clássicas», obtém alguma repercussão no meio
académico. Breve passagem como professor provisório pelo Liceu Alexandre
Herculano.
1932 - Declina um convite para leccionar em Angra do Heroísmo. Funda, a convite da
Junta nacional de Educação, o Centro de Estudos Filológicos da Universidade
Clássica de Lisboa. Parte para Paris, com uma bolsa, e faz uma pós-graduação
na Sorbonne com uma tese sobre Montaigne. Paralelamente, frequenta o
Collège de France, onde aprofunda os seus conhecimentos em história e
literatura francesa. Na capital francesa convive com exilados políticos famosos
:António Sérgio, Jaime Cortesão e Jacinto Simões.
1933 – Regressa a Portugal. Concorre para professor efectivo dos liceus e é aprovado,
classificando-se em 1.º lugar, sendo colocado no Liceu José Estevão, em
Aveiro.
1935 – Candidata-se, através de concurso público, para leccionar em Moçambique e é
aprovado. Não assina a declaração de fidelidade ao Estado Novo que os
normativos que regem a Lei Cabral impõem e é demitido do ensino público.
1936 – Desempregado e desencantado com o clima político que se vive em Portugal,
aceita um convite de Joaquim de Carvalho e fixa-se em Madrid como Bolseiro
do Ministério das Relações Exteriores, onde frequenta o Centro de Estudos
Históricos de Madrid, investigando sobre o misticismo espanhol.
1937 – Regressa a Lisboa e é convidado a leccionar no ensino secundário particular. O
Colégio Infante de Sagres é um dos poucos locais onde consegue trabalho.
Funda o Núcleo Pedagógico Antero de Quental. Recebe inúmeras solicitações
de todo o país para proferir conferências.
1938 – Nasce-lhe o primeiro filho, Pedro Manuel.
1939 – Inicia a publicação dos cadernos «Iniciação», a que se seguirão, mais tarde, as
séries «Antologia» e «Volta ao Mundo».
1940 – Nasce a filha Maria Gabriela.
1943 – A edição de O Cristianismo, o endereçamento de uma carta ao Cardeal
Cerejeira e a realização de algumas palestras em locais conotados com a
esquerda levam à sua prisão pela polícia política de Salazar. Detido no Aljube, é
ordenada a confiscação da sua biblioteca. É libertado, por pressão de um grupo
1943 – de intelectuais umas semanas depois. Triste e desmotivado, suspende a série
dos cadernos que dirigia.
1944 – O clima que se vive em Portugal e problemas da sua vida familiar levam-no a
emigrar para o Brasil.
1945 – Inicia um novo percurso afectivo com Judite Cortesão, filha do historiador
Jaime Cortesão.
1946 – Nasce a filha Carlota, fruto desta última ligação . Viaja para o Uruguai, onde
lecciona História e Filosofia nos colégios Libres.
1947 – Visita a Argentina e aceita o convite da Escola de Estudos Superiores de
Buenos Aires para organizar cursos de Pedagogia Moderna.
1948 – Regressa ao Brasil.
1949 – Seu pai morre em Portugal, após prolongada doença.
1953 – Trabalha no Instituto de Biologia Oswaldo Cruz.
1954 – Integra o grupo de professores que fundam a Universidade Federal de Paraíba.
1955 – É nomeado director dos Serviços Pedagógicos da Exposição Histórica do IV
Centenário da cidade de S. Paulo. Desloca-se a Portugal para visitar os filhos do
primeiro casamento e passa, quase clandestinamente, por óbvias razões
políticas, uma curta temporada de férias no Baleal.
1956 – É empossado como director de Cultura do Estado de Santa Catarina. Funda a
Universidade Federal de Santa Catarina.
1957 – Sua mãe morre em Lourenço Marques, Moçambique.
1958 – Naturaliza-se cidadão brasileiro. Integra a Comissão Instaladora da
Universidade de Brasília.
1959 – Funda o Centro de Estudos Africanos e Orientais da Universidade Federal da
Baía.
1961 – É nomeado assessor de política cultural externa do Presidente da República
brasileiro Jânio Quadros.
1962 – Desloca-se a Portugal a fim de discutir os estatutos do Centro de Estudos
Portugueses da Baía, mas é preso logo à chegada ao aeroporto.
1963 – Visita, graças a uma bolsa de estudos da UNESCO, o Japão Macau e Timor.
1964 – Funda no Japão um Centro de Estudos Luso-Brasileiros.
1965 – Publica em Lisboa, na revista O Tempo e o Modo, o ensaio «Aqui falta saber,
engenho e arte».
1968 – É eleito membro da Academia Internacional de Cultura Portuguesa.
1969 – É autorizado a regressar a Portugal com um visto provisório de um ano.
1972 – Inicia uma colaboração regular na revista Vida Mundial.
1975 – Já reinstalado em Portugal, visita a Galiza.
1976 – Requer a aposentação como professor titular das universidades federais
brasileiras.
1983 – É nomeado director do Centro de Estudos Latino-Americanos do Instituto de
Relações Internacionais da Universidade Técnica de Lisboa.
1984 – Desempenha funções como consultor do ICALP.
1985 – É nomeado delegado no nosso país da Universidade de Santa Catarina.
1987 – É condecorado pelo Presidente da República português Mário Soares, por
serviços prestados à cultura nacional, com a Grã-Cruz da Ordem de Santiago
da Espada. Visita Olivença com um grupo de amigos, onde é inaugurado um
centro cultural com o seu nome.
1988 – Desloca-se a Moçambique. É lançado no Mosteiro dos Jerónimos, com alguma
pompa e circunstância, com a presença do Presidente da República Mário
Soares, o livro Dispersos. É eleito membro efectivo da Academia de Marinha a
11 de Maio.
1989 – Participa nas conferências dos Estados Gerais, no Museu de Arte Antiga.
1990 – Em Março, protagoniza na RTP uma série de treze episódios com a designação
«Conversas Vádias».
1991 – Gozando de aparente boa saúde, apesar de já contar 84 anos, é operado de
urgência a uma peritonite no Hospital de S. Francisco Xavier.
1992 – Readquire a cidadania portuguesa a 12 de Março.
1993 – Um inesperado acidente vascular de certa gravidade, a 17 de Outubro, impõe-
lhe internamento hospitalar. Semanas mais tarde, já parcialmente recuperado,
regressa a casa.
1994 – Um agravamento do seu estado de saúde, a que sobrevém uma pneumonia,
Provoca-lhe a morte, que ocorre a 3 de Abril, domingo de Páscoa.

Em anos seguintes, cujas datas não foi possível apurar, nascem-lhe mais cinco filhos: Jorge, Leonor, Regina, Marcus e Bruno.

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